O desfecho da vida ou morte tal como um final triste e confuso/não-concluído de filme

Quando for o fim, será mesmo o fim?

A vida acaba,

clara e entendida,

ou morre, sombria,

nublada, sem nitidez,

quando o ciclo fecha, é por que se destruiu?

A vida é a prisão de um canto?

de um pássaro?

que canta alegrias e tristezas,

prazeres e dores,

do universo em cápsulas?

da existência, presa em espelhos?

tornar o infinito em finito?

tornar o indissolúvel em solúvel?

tornar o mistério em certeza?

tornar a enormidade, em pequena e pulsante energia?

e nos viciar em suas mentiras,

e na tristeza, acordar para a grande trama,

vivemos e quanto mais distante de nós,

menos sabemos o que é,

continuamos formigas,

bactérias,

conhecemos pouco sobre o nosso redor,

pouco, sobre nós mesmos,

não sabemos para quê existimos,

vivemos o nosso drama particular,

e minúsculo,

em algum recanto do existir,

não temos apenas essas poucas certezas,

nos deixamos levar pela loucura,

e nos perdemos,

mesmo naquilo que deveríamos ter em mãos,

de saber, de estar no sangue,

trocamos areia de verdade por miragens,

o viver humano é o viver iludido,

enquanto deixamos de estar,

para depois, nunca saber,

não com esta consciência,

não nesta prisão,

como em um final triste

ou confuso,

nossa película para,

e paramos de andar com o tempo e o espaço,

de desdobrá-los, inconscientes de nossos papéis tão humildes,

deixamos de ser uma distorção da existência,

e da vida, nos levamos, para quem sabe onde,

o céu parece tão perto, mas está tão longe,

a Lua cabe na minha mão, mas é gigante,

e eu, um anão,

e o desfecho da vida,

será mais uma ilusão?

ou a verdade, quem sabe um dia,

revelará inteira para mim??

a vida é uma armação? uma brincadeira?

o que é o núcleo sem o seu corpo?

o que é o ser sem as suas fronteiras?

somos especialmente as memórias?

somos especialmente sensações, sentidos?

somos vento cósmico?

por enquanto eu só sei aquilo que somos,

perguntas e lamentos,

alegrias de momento,

e fechamos as pálpebras,

como uma flor de lótus se fecha à vida,

e dormimos

ou sonhamos,

a existência é assim?

feita de sonhos,

de vozes,

de olhares,

de vibrações...