Os Sonhos da Água Dormente...
Sabe-se que quando chove,
Os espíritos aproveitam para falar mais alto...
Pois na clareza do silêncio
Eles se negam a conceder a absoluta certeza
De que realmente se fazem presentes...
Então se abre a porta e o Céu foge,
Leva todas as águas e as pedras,
Até a luz segue outrora...
Eles procuravam por água dormente...
Pois nela descansavam suas fraquezas
Diluídas em aridezes insones...
Ao lado de fora de seus intentos
O vácuo levou o ar e a poeira cristalina
Desprendendo-se de seus maremotos internos
Onde nasceu o sono líquido...
Na água espiritual das flores
Outra fluidez rósea se encaminha
Para o Ser que leva o perfume etéreo,
A frágil percepção do Irreal e até mesmo a Luz...
Lá onde as casas
Foram feitas de madeira noturna
Os mistérios jamais deixavam o dia amanhecer...
Antes escorregavam quais sombras
Para procurar água dormente;
Hoje tentam lembrar
Como a luz foi embora
Levando as formas dos ventos...
Giuliano Fratin