ATAÚDE... Mais um poema para o amigo... P0ETA CARIOCA! (FUNEBREMENTE HOJE DESPEÇO-ME DE MEUS TEXTOS MACABROS)
A MORTE NUNCA É PINTADA DE BRANCO.
E SUA FOICE AFIADA AGITA, FAZENDO FESTA EM VELÓRIOS.
SEU MANTO E CAPUZ ENCARDIDOS POR LUGARES FUNEBRES,
ARRASTA-SE PELO CHÃO LAMBENDO O BARRO E CHEIRANDO DEFUNTOS.
MORA EM CEMITÉRIOS TÉTRICOS, TACITURNOS COM CHEIRO DE FLORES
INOCENTES QUE EXALAM PERFUME POR LÁPIDES FRIAS, CRUZES, ANJOS E SANTOS.
A SOLIDÃO SOTURNA E HEDIONDA É SUA AMIGA NA PENUMBRA OU NO BRILHO.
E ELA ARQUEJA POR NÃO PODER PARAR. SEQUER PARA BEBERICAR LÔDO GOSMENTO.
APENAS AS CARPIDEIRAS ELA DEIXA SIMULAREM NA SENTINELA DO MORTUÁRIO.
TEU OLHAR É FERINO, LÚGUBRE, NEFASTO E NÃO DEIXA UM SEQUER ESCAPAR.
COM SORRISO TÉTRICO ESQUIVA-SE DA REZA DE UM CRISTÃO,
QUE INUTILMENTE E TEIMOSO NÃO QUER DESVIVER...
OBSERVO O ATAÚDE FEITO DE CEDRO, PARA TUA FÉTIDA PRESENÇA DISFARÇAR.
E OUÇO O CAMPANÁRIO TOCANDO LUTUOSO O FINAL DE MAIS UMA VIDA.
PENSO NAQUELES QUE ESTÃO NO EGRESSO COM LÁGRIMAS DE SANGUE A CHORAR.
VEJO O ATAÚDE COMO APENAS A ÚLTIMA ENCOMENDA PARA O CORPO.
MORTE... GOSTARIA QUE MEU ATAÚDE FOSSE VIRTUAL, INFORMATIZADO COM WHATSAPP.
PARA PODER DANDO UMA ZEBRA, EU TER COMO, COM ALGUÉM ME COMUNICAR.
POIS DEPOIS DE VOCÊ, PIOR PARA MIM AINDA HÁ.
EXISTE UMA COISA A QUAL A VIDA TODA EU CONVIVO,
E SEI QUE NÃO VOU PARAR DE AFLIGIR-ME NESTA BENDITA ESTADA!
É O DEPRIMENTE MEDO DE SER ENTERRADO VIVO!