Liberdade

quanto peso; e os meus ombros doloridos

como se eu carregasse neles toda matéria

de que a minha alma foi

é

e será feita

viver é um peso que nunca se perde,

é um instante entre o gatilho e o sangue

é o pêndulo – é a cobra canibal e o veneno

que ela jorra na própria cauda

que eu introjeto no próprio coração –

mas isso é morrer... pelo que eu sei

– e qual a diferença? se o inferno é aqui

ou lá

se a liberdade é feita de um tiro

ou de uma corrida, ou de uma dança

que dança com o tempo

que pesa e que gravita, que me pune

que me estilhaça e eu viro

poeira:

matriz do universo; vida.

e só vida

morrer para que inocule alma

e eu veja que eu era isso, no fim

BebêAzul
Enviado por BebêAzul em 09/09/2017
Reeditado em 22/01/2018
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