Liberdade
quanto peso; e os meus ombros doloridos
como se eu carregasse neles toda matéria
de que a minha alma foi
é
e será feita
viver é um peso que nunca se perde,
é um instante entre o gatilho e o sangue
é o pêndulo – é a cobra canibal e o veneno
que ela jorra na própria cauda
que eu introjeto no próprio coração –
mas isso é morrer... pelo que eu sei
– e qual a diferença? se o inferno é aqui
ou lá
se a liberdade é feita de um tiro
ou de uma corrida, ou de uma dança
que dança com o tempo
que pesa e que gravita, que me pune
que me estilhaça e eu viro
poeira:
matriz do universo; vida.
e só vida
morrer para que inocule alma
e eu veja que eu era isso, no fim