HOMEM-CORAÇÃO
Aquarela nômade que rapta
a estrela solar para adornar o
gestual. Homem-coração,
metáfora de sensibilidade
que não hesita em ser:
fusão de moinho e espiral,
resume o Vento infinito
na luminosidade do olhar.
Homem-coração, sal
nunca temente
de imperceptível
se tornar, mas
no outro está,
encharcando essências
da nitidez do Incognoscível.
Homem-coração,
engenheiro do sobrenatural,
talha a própria história
entre molduras áureas de
um raro Ideal. Entremeado
de âmago e ação; pêndulo
de ternura que o poeta
exalta com legitimação.
Homem-coração,
instrumento fidedigno
do qual flui a canção;
abastado do capital
que a César não
se dá. Mas o de
brilho inigualável,
aquela fração de olhar,
que o Criador distingue
por saber que lá está.