Epifania metapoética
Semana fria que se vai
Imprimindo suas digitais
Em cada recôndito meu
Sei que devo agradecer
E, mais ainda, enaltecer
O que ela nos concedeu
Mas fica difícil fazê-lo
Quase impossível dizê-lo
Diante do atual eu
Pois tão gélido tempo
Tão impetuoso vento
Por fim, me esmoreceu
E agora, aqui estou
Fraco, recolhido, isolado
Triste, aturdido, debilitado
Por encarar o que sou
Um ser mal acabado
Com o humor transformado
Pelo exterior
Um ser amedrontado
Com o coração dilacerado
Pela falta de calor
Dói dizer o que estou dizendo
Dói viver o que estou vivendo
Dói ser o que estou sendo
Mas então me vou
Ereto, ciente, renovado
Alegre, sereno, encantado
Ante o que ficou
Pois, se estou sendo
Não sou
E se não sou
Posso deixar de ser
Semana fria que se vai
Leva junto consigo
Meus ideais
Que já nem meus são mais
Posto que reencontrei
A minha paz