A Eudisseia (ÉPICA)
CANTO I
Ó bravo guerreiro
De portentosos feitos gloriosos
Da conta de dias numerosos
Constastes do povo brasileiro
Seja lembrada neste canto
Vossa saga de herói
Cujo tempo não corrói
Este poema é para tanto
Naquele que seria mais um dia
Da indistinguível rotina
Eis que o céu se aglutina
E o Mundo se lhe dirigia:
"Vós da terra grande herói
Pensas que irás a algum lugar?
Tu, que despertastes de teu lar
Para cultivar o teu lagar
E sustento retirar de onde dói
Eis que o dia que se segue
À noite da sangrenta lua
Bloquearei toda e qualquer rua!
Pandora contemplarás nua
Até que, sem esperanças, te entregues
Os céus irromperão em lágrimas
Não verás o brilho do Sol
Pensarás: 'cheguei ao Xeol?'
Trovões e raios de meu rol
Golpearão o Planalto às máximas"
Mas o herói, resoluto,
Inabalável, fronte impassível,
Encarou o impossível
Que aparenta absoluto
Sobre a massa desleal
De metal e asfalto
Bravo se lançou em um salto
Respondeu ao Mundo mau:
"Ó Mundo, tu não me intimidas
Mesmo que a história sentes pesar
Desafiastes o nobre Mike Haggar
Como o caos do primevo mar
E derrubastes o louco Midas
Meu destino eu mesmo faço
Com a Força que vem do Alto
Que aceito, sem sobressalto -
Vós não me derrotarás com duro aço
Para meu leito, agora, não retornarei
Mesmo que as trilhas se percam na selva
E a tentação de repousar sobre a relva
Nada disso jamais formou bravo rei
E somente nesta condição
Ao meu lar estarei devolvido
Logo após a luz ter-se-há ido
E à tua imundície ter dito 'não'"!
Assim, após tão tenso diálogo
Entre aquele grande guerreiro
E a força de um mundo inteiro
A história caminhou logo
Seu apetrecho empunhado
Adentrou forte e confiante
O grande ventre do elefante
Quem ao Mundo houvera desafiado
Mesmo que tarde parecer estar
Nada abalaria nobre intento
Que o justo não se omite, isento
Para seu lar poder amparar.