A Arte de Viver.

Estrelas

No Céu da noite

Um fino véu azul

Ornamentando a luz do dia

A ultravioleta decanta em clorofila

Meus pés, sempre no chão

É que me dão

A firmeza de um voar

Sem rumo e nem medo

Inexplorado Universo invisível

Cintilando ao alcance dos dedos

Sem dar chance de ser percebido

Pelos cegos e surdos sentidos que vejo

Sentindo-se

Sabedores de tudo

Cumprindo o que estava escrito

Ases de paus, nos baralhos do mundo

Arcaicos retalhos de vida

A sua visão em mosaico faz lembrar

A lente suja e desfocada

Dum caleidoscópio de brinquedo

E eu me sinto sozinho no mundo

Enquanto a mente flutua em segredo

Meu olhar alcança a Lua

Sua luz refletida no chão

Eu vejo um pouco...bem pouco

Do muito que todo mundo pensa ver

...e não vê

Nem sequer imagina que existe

Atarefado e atarantado mundo,

Não pode dedicar-lhe

Sequer um ínfimo instante

O chão sob meus pés,

Muito acima do olhar

Firmamento infinito

Bonito é o momento

E eu o levo comigo

No abrigo do peito

Consciente e acordado

Pro fato que existo

Entre um Céu e uma Terra

A arte da vida ensinou

Em silêncio, a fazer parte

do conjunto das coisas

Que excedem, ultrapassam e existem

Aquilo tudo que em nenhum dia

Nem sequer sonhou em sonhar

As coisas que supõe saber

A vossa vã filosofia.

Edson Ricardo Paiva.