Não tenho melhor poema
Não tenho melhor palavra
Talvez toda rima
exista em silêncio.
E seja muito pequena.
Talvez toda poesia
seja muda.
Talvez todo o lirismo
seja surdo e paralítico.
Não tenho a melhor notícia.
Não tenho o melhor discurso.
Talvez toda a razão
exista simplesmente enlouquecida
Dentro da lógica dialética.
Na dialética metafísica.
No acaso do descaso.
No torvelim do abismo.
Que gira.
Que gera e
geme.
Onde os eixos se interceptam
Onde cabeças são decepadas.
Onde se castram machos
Onde se emprenham virgens.
Onde se abortam filhos
indesejados.
Despejados no poente.
Não tenho a melhor dádiva.
Não tenho o melhor valor.
Não tenho a melhor justificativa.
Talvez a dávida seja cármica.
Talvez o valor seja provisório.
Talvez a justificativa seja enigma.
Indecifrável.
Indeclinável.
Indescritível.
Há poemas dormentes nas pernas.
Há pedras sagradas e incrustradas de perdas.
Há rezas libertadoras como algemas.
Há amarras sem cais.
E um mar imenso de angústias
e penas.
Afogam-se mágoas.
Torrentes chuvas inundam casas
e cidades inteiras.
Soterram vidas.
E tudo que temos.
É um microcosmos
perdido num universo
sem galáxias.
E toda a energia
depende de um íon.
De um elétron perdido.
De uma perda dinâmica.
Não tenho o melhor poema.
Nem a rima perfeita
Nem o lirismo exato
Minha matemática é estatística
Vive de probabilidades
Vive de esperanças
Por vezes, traduzidas
Por vezes, traumáticas.
Por vezes, semânticas.
Muitas vezes, humanas.
Mortais e provisórias.
Por vezes, distantes
de ter, ser ou estar.
Não tenho melhor palavra
Talvez toda rima
exista em silêncio.
E seja muito pequena.
Talvez toda poesia
seja muda.
Talvez todo o lirismo
seja surdo e paralítico.
Não tenho a melhor notícia.
Não tenho o melhor discurso.
Talvez toda a razão
exista simplesmente enlouquecida
Dentro da lógica dialética.
Na dialética metafísica.
No acaso do descaso.
No torvelim do abismo.
Que gira.
Que gera e
geme.
Onde os eixos se interceptam
Onde cabeças são decepadas.
Onde se castram machos
Onde se emprenham virgens.
Onde se abortam filhos
indesejados.
Despejados no poente.
Não tenho a melhor dádiva.
Não tenho o melhor valor.
Não tenho a melhor justificativa.
Talvez a dávida seja cármica.
Talvez o valor seja provisório.
Talvez a justificativa seja enigma.
Indecifrável.
Indeclinável.
Indescritível.
Há poemas dormentes nas pernas.
Há pedras sagradas e incrustradas de perdas.
Há rezas libertadoras como algemas.
Há amarras sem cais.
E um mar imenso de angústias
e penas.
Afogam-se mágoas.
Torrentes chuvas inundam casas
e cidades inteiras.
Soterram vidas.
E tudo que temos.
É um microcosmos
perdido num universo
sem galáxias.
E toda a energia
depende de um íon.
De um elétron perdido.
De uma perda dinâmica.
Não tenho o melhor poema.
Nem a rima perfeita
Nem o lirismo exato
Minha matemática é estatística
Vive de probabilidades
Vive de esperanças
Por vezes, traduzidas
Por vezes, traumáticas.
Por vezes, semânticas.
Muitas vezes, humanas.
Mortais e provisórias.
Por vezes, distantes
de ter, ser ou estar.