ENCRUZILHADAS DA VIDA
Romeiros somos, pelas estradas da vida,
Vida que está repleta de encruzilhadas,
De escuras noites e de claras madrugadas
Sem fim à vista e, muitas vezes, sem saída.
Cada minuto – em cada hora e em cada dia –
Espelha em toda a alma uma angústia premente
E uma incerteza se é ou não pra ir em frente
Num desnorte disperso em franca letargia.
É desta forma a caminhada de um romeiro,
Que da partida lança os olhos pró destino
Sem saber se vai certo ou se vai ao desatino
Não tendo a garantia de algum apeadeiro.
O corpo nasce, cresce e logo se transforma,
Como um projecto evolutivo estruturante,
E, criando na alma um sonho relevante,
Vai na procura de um destino feito norma.
Mas pelo devastar de cada encruzilhada
E pela luz do Sonho, ora se apagando,
A alma do romeiro vai-se apequenando
P´ lo fio corporal da energia iniciada…
Há nesta história um melodrama que não falha,
Mas, por uma centelha de luz e confiança,
Abrir-se-á de par em par uma outra esperança
Que nos há-de fazer vencer esta batalha.
Salvam-se as musas e os poetas resistentes –
No labirinto das encruzilhadas feitas –
Que frente aos temporais e hostes contrafeitas
Hão-de cantar no seu Parnaso eternamente!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA