Alma crua

Visto-me de um “eu sou”

Ideal e desmedido às minhas proporções

Embotados, costurados costumes

Avesso à moda do “amor ao semelhante”

Sendo tantos desiguais

Ah... vida trocada, existência tão breve

N´alma que não se atreve a descrever

o que acredita ver

revestido por tanta invisibilidade

Esse mundo cartório

Criou um deus que atende aos petitórios

Lavrado em ata assinada por analfabetos

Que em vários dialetos crêem certo

O amor cego amar a si como vê aos dessemelhantes

A cada instante, como um louva deus,

Mimetiza o figurante,

Toda sua posse maquiada

Por um prazer que dá em nada,

Antes, durante...até o fenecer

Não há avisos impressos ao nascer

Tudo se cumpre letra por letra

Até mesmo para quem não sabe ler

Cansado de saber que me cansarei,

Não paro de andar dentro de mim

Por um caminho que não tem fim

Esse sim, inominável como a beleza

Tem gosto azedo aos doutos apressados

A vencer uma cidade

Despertar é um acordo entre sonho e realidade

Sem veleidade, esse eu nu, despojado de si,

estrelas ocultas pelo sol

Anda... até voa,

Sem saber o que é dormir

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 16/10/2005
Reeditado em 16/01/2014
Código do texto: T60189
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