CAÓTICA
assisto perplexo ao confinar do caos
sou parte desse lixo que me polui
sou uma frágil membrana que resiste
e insiste em ser apenas o que não fui
lastimo a presença de muitos deuses
numa jangada feita de madeira podre
que balança nas ondas sem corrente
sou a descolorida poesia que mente
em espasmos contidos e sem cor
insisto em me tornar como um odre
inchado e amparado pela flutuação
apenas observo os escolhos do rio
mudo no afeto e surdo pelo canhão
sou puro sarcasmo no meu vazio
a foz desse rio foi feita para mim
santuário dos dejetos que eu lanço
no abraço do mar quero me tornar
uma coisa solta leve e não caótica
apenas amparado por marés vivas
nos percalços da lua do meu par