CAÓTICA

assisto perplexo ao confinar do caos

sou parte desse lixo que me polui

sou uma frágil membrana que resiste

e insiste em ser apenas o que não fui

lastimo a presença de muitos deuses

numa jangada feita de madeira podre

que balança nas ondas sem corrente

sou a descolorida poesia que mente

em espasmos contidos e sem cor

insisto em me tornar como um odre

inchado e amparado pela flutuação

apenas observo os escolhos do rio

mudo no afeto e surdo pelo canhão

sou puro sarcasmo no meu vazio

a foz desse rio foi feita para mim

santuário dos dejetos que eu lanço

no abraço do mar quero me tornar

uma coisa solta leve e não caótica

apenas amparado por marés vivas

nos percalços da lua do meu par

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 02/06/2017
Código do texto: T6016586
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