Pé ante Pé
Pé ante Pé
(Por Aglaure Martins)
No mundo das palavras sou alma liberta, libélula que o sol sobrevoa. Sou luas em frases o(cultas) no céu que a vida apregoa.
(...)
Aos meus pés
minhas mãos são asas
no vento da palavra
que se espalha feito rio
mesmo quando a boca cala.
Aos meus pés
um oceano de letras
vivas sementes
que no vácuo se espalha
e flutua entre montanhas e valas.
Aos meus pés
olho, cheiro, boca que não fala,
mas a palma beija
e no sorriso disfarça
o que implode mudo cara a cara.
Aos meus pés
teclas, flautas e violinos
cordas, tambores, rodas de samba
assobio agudo de menino
e a língua que o verbo encanta.
Aos meus pés
covas rasas, poços fundos
choros destoantes e finas valsas
num coro comedido e 'caliente'
do profano que o mundo traga.
Aos meus pés
badalos de sinos
sinas fio a fio entrelaçadas
laços que não atam os fios
espelhos que não espelham a alma.
Aos meus pés
torrentes de inquietações
ciclone de rara calmaria
voto que veta a inspiração
mas não burla a autonomia.
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