Noturno de Maio
Quero uma toalha sobre a mesa
bordada de estrelas.
E as mãos do vento arrumando as flores
num vaso feito de amor.
Um pouco de esperança espalhada pelo chão,
para que eu não me assuste se tropeçar
no que me alimenta o coração.
Quero uns raios de sol subindo pelos degraus da alma
não detendo sua força, sua ousadia de subir
enquanto houver alguma sabedoria interior
para sonhar e ainda ser, antes de se ir.
Uma moradia sem tormentas,
um lar sem angústias!
Ah, como eu quero participar desta ceia,
partilhar o pão sem receio algum
de agradecer mas de também pedir
ao Senhor do universo, a mesa posta
para uma comunhão:
olhos que não mais chorem,
olhos que só enxerguem
muito além do que eles são.