o replicante
não sei porque
me meto a dizer a você
as coisas que não sei pra mim
será por eu ser assim
um cabo que não dá sinal
por estar desconectado
com a vida real?
será que nada transmito
por serem de fibra ótica
os fios de que me utilizo?
será que não mais improviso
como se fosse um humano?
será que eu falo de um plano
que só pode ser digital?
será que eu sou anormal,
atávico ou só tenho um ano?
dos meus cerebelos transplante
já requisitei, mas disseram
que o chip que eles me deram
era o do méga-intelecto
e que eu até poderia
nunca mais calcular
mas que toda a poesia
do mundo eu iria falar
como, se ela eu ouvia
com o barulho do mar?
quando dispor eu podia
do eletromagnetismo
que eles disseram que eu tinha
no dia em que fui concebido
no dia em que eu disse que era
mais lindo e mais puro que a árvore
pois ela nunca tivera
o dom de nascer e falar
como eu que não fora gerado
pela mãe Natureza
mas fui pela incerteza
das coisas que o homem criou
e hoje, veja o que sou:
te olho, mas eu só te vejo
segundo o modelo que tens
porém quanto ao que tu és
pouco ou nada almejo
Rio, 08/08/2007