Navegar
Vejo que há penumbras
na plenitude do tempo
me restam algumas sobras
de uns bons pensamentos
tolos que sirvam de consolo
à sordidez do que falo,
posso me lembrar do mundo
do elenco vil da novela
de um enredo imundo
e deixar ao sopro da vela
aos sete amores e mares
o rumo que propus a ela,
em corrente profunda, insana,
estarei em muitos lugares,
menos na sede doidivana,
cega, séssil, ilusória,
...afastai-me da mundana
curva escrava da história
apenas isso Lhe peço
divina Mão Soberana
tranquilo no que faço
estarei, sem esperas,
expectarei suas vitórias
em minhas primaveras,
despretensioso, enfim,
assistirei às suas glórias,
buscarei até o fim
a paz que almejo
numa ilha ou lugarejo
profundo em mim
em mergulho sincero,
quando não mais espero
um resgate assim,
que entenda o que quero,
que queira o que entendo,
e veja como estou vendo
um lidar único e raro...
e assim vou navegando!