Epifania Carbônica

Não deito e levanto imune

a tanta água, e suor, e guerra

olvidados numa hipnose

de sons, teclas, vozes, impune,

semeando sobre a Terra

peste, lixo, fogo, virose,

secular narcisista rei

de feras, e lobos, e impérios

doutrina, insano, com sua lei,

sádicos, sedentos, sérios

caçadores de esgotos

a polir com perdigotos

a última janela mental

tão pura, em si, vegetal

putrefato e cruel

dá-lhe tinta e papel

e uma dose de vinho

enebriante e fugaz

sem direito a caminho

de volta, soldado e algoz,

idéia fixa é seu nome

jamais alcançará pronome

em devaneios, de vez

em quando, e sempre e nunca

sentirás o gosto e altivez

da arte, saborosa e cênica

da energia tão doce

que recebo como se fosse

o delírio da brisa atômica

em pilereção mnêmica

de um dia de Sol e cheiros

e luzes, e sabores inteiros...

Dr Niedson Medeiros
Enviado por Dr Niedson Medeiros em 07/04/2017
Código do texto: T5964468
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