Controle remoto superior
Ao relento de seus pés
vento-pai amenizador
dialogas canções através
do sopro do Criador
e ficamos a decifrar
a leveza do ar, respirar
o carbono que nos resta
e sentir cair na testa
a última fagulha cloacal
burguesa e patronal
sinestésica que foi
no jantar pré-nupcial:
ervilhas, vinhos e boi...
a cara preta não era,
fincou raiz, quimera,
sementes na primavera
dos povos, criaste
a treva às nuvens famintas
e a deu sua nobre arte
de esvair tuas tintas
nesse anil escarlate
feito cachaça nas quintas
feito o mar de chocolate:
liberdade, mãe, tu és Marte!