Jardins suspensos

Ah, se não sei de onde sou

de onde venho, aonde vou,

enigmática voz ao torpor

da infinitude do vento

encaminha-me, desatento,

a uma nuvem de cor

fumegando versos de paz

numa insana viagem fugaz

descarrilhando uma tonelada

de vez, e voz, e vontades

falhas no ato ceruleos do nada

em tudo esvaecendo

do mar de estrelas e cidades

chamas do medo castrado,

fóbico, misógino e nulo

feito buraco negro

ante arteiro mundo casulo

de apego e desapego,

assim, bipolar e cego

às castas hierárquicas,

janelas de luzes estóicas...

E, quem dera os vultos

malignos de reis astutos,

sinestésicos, pairassem

à beira do rio de cores

seus últimos amores,

digo-lhes... o eterno amém

brotaria em jardim daninho

agora e no ninho

etéreo dos campos, amém!

Assim findo, Babilônia,

o último estalar submisso

da tua última colônia

e subo em teu jardim suspenso...

(Niedson Medeiros)

Dr Niedson Medeiros
Enviado por Dr Niedson Medeiros em 27/03/2017
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