ITER
O ar entretecido no silêncio. Parábola alheia à imagética.
Para o olhar, nulidade que não plasmará pensamento.
Abarca a essencialidade poética da expressão imponderável.
O ser paralelo ao conteúdo, mas que tudo contém.
No contexto pré-universo, a totalidade latente ignorava
o mistério de si mesma.
E a retina perecível e imperfeita contempla tua face
esculpida pelo gesto da alma.
Mármore atípico, modelável por ondas sonoras...
Cinzel de palavras ou filete hídrico resvalam
na erosão tênue do teu sorrir.
E no sentimento subjacente à epiderme
destes lábios: a incongruente blindagem
com conceitos vulneráveis.
O medo do súbito encontro com o Infinito.
Onde personas se desintegram como átomos.
E a poesia é.
Rafael Gustavo Vieira