PINTURA AMADA
Sempre acreditei no inverso do papel,
na tela nova, tinta sem pincel.
Paisagem de disco de dia num novo céu.
Era um desenho bonito, meio atrapalhado,
um ar de zangado...
Uma velha expressão.
Cavalo cavalga, no trote arrochado
dentro do mato indo pro campão.
O sangue no canto indica o tormento
do instante sem visão...
Olho fechado, um quadro invocado
representa o sertão.
São cores mestiças,
Carvão, hortaliças,
Ninho forrado.
O pássaro ao lado,
de pena no chão.
O sol está torto,
em cima um sorriso
turbinado e maroto.
A graxa do tempo.
Uma mistura vocação.
Mathias costurando
uma lenha de engenho
rapadura a pingar.
No teto malandro,
saudade desejo nos braços fulano.
Qual flor arroxeio.
Sobre a cabeça do pardo leopardo,
selva veado, cobras, pistão.