PINTURA AMADA

Sempre acreditei no inverso do papel,

na tela nova, tinta sem pincel.

Paisagem de disco de dia num novo céu.

Era um desenho bonito, meio atrapalhado,

um ar de zangado...

Uma velha expressão.

Cavalo cavalga, no trote arrochado

dentro do mato indo pro campão.

O sangue no canto indica o tormento

do instante sem visão...

Olho fechado, um quadro invocado

representa o sertão.

São cores mestiças,

Carvão, hortaliças,

Ninho forrado.

O pássaro ao lado,

de pena no chão.

O sol está torto,

em cima um sorriso

turbinado e maroto.

A graxa do tempo.

Uma mistura vocação.

Mathias costurando

uma lenha de engenho

rapadura a pingar.

No teto malandro,

saudade desejo nos braços fulano.

Qual flor arroxeio.

Sobre a cabeça do pardo leopardo,

selva veado, cobras, pistão.

OSMAR ZIBA
Enviado por OSMAR ZIBA em 31/07/2007
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