Um anjo malvado levou o poeta às alturas da vaidade

Um anjo malvado levou o poeta às alturas da vaidade

e de lá ofereceu-lhe a beleza do mundo

também um banquete para sua fome e luxo que vestisse

ofereceu-lhe mulheres lascivas, homens corruptos

ofereceu-lhe o poder oferecendo domínios.

O anjo malvado apontava para baixo e dizia ao poeta

que no mundo não havia homem mais feio que ele

não havia homem mais faminto, alma mais nua

caprichoso, o anjo apontava seus defeitos mas tecia elogios

dizia que não havia mais propósito casto no mundo

que não havia mais honestidade ou bravura

e dizendo que não havia homem mais fraco e pobre que o poeta

o anjo concluiu prometendo que tudo que desejasse lhe restituiria.

Então, o poeta mediu em silêncio o arrombo da vaidade

a altura do orgulho e a profundidade da verdade

e sentiu o chão firme sob os pés descalços

nem erguem nem baixou os olhos

e respondeu sem maldizer o anjo

: eu não estou sozinho."

Baltazar

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 19/12/2016
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