Um anjo malvado levou o poeta às alturas da vaidade
Um anjo malvado levou o poeta às alturas da vaidade
e de lá ofereceu-lhe a beleza do mundo
também um banquete para sua fome e luxo que vestisse
ofereceu-lhe mulheres lascivas, homens corruptos
ofereceu-lhe o poder oferecendo domínios.
O anjo malvado apontava para baixo e dizia ao poeta
que no mundo não havia homem mais feio que ele
não havia homem mais faminto, alma mais nua
caprichoso, o anjo apontava seus defeitos mas tecia elogios
dizia que não havia mais propósito casto no mundo
que não havia mais honestidade ou bravura
e dizendo que não havia homem mais fraco e pobre que o poeta
o anjo concluiu prometendo que tudo que desejasse lhe restituiria.
Então, o poeta mediu em silêncio o arrombo da vaidade
a altura do orgulho e a profundidade da verdade
e sentiu o chão firme sob os pés descalços
nem erguem nem baixou os olhos
e respondeu sem maldizer o anjo
: eu não estou sozinho."
Baltazar