RENASCIMENTO

Minhas papilas ficam excitadas

quando sentem o aroma das amoras peladas,

minhas íris se dilatam quando percebem uma nesga de coxa:

será que isso é ser voyer, que deixa minha vergonha toda roxa?

Meus olhos percebem o caos quando veem as ruínas da explosão,

o coração acelera os batimentos e percebe que houve confusão,

não sei de onde vem essa onde do mais sutil e delicioso prazer

quando ponho os olhos à solta e de repente passo a te ver...

Meu mundo se transforma pela simples presença de tua pessoa,

como se unicórnios batessem os cascos e viajassem no som que soa,

do ponto ômega que busca a fractal praticidade do instantâneo caos

surgissem Órions e novas constelações e um novo e promissor Tao...

De onde vim não havia nem campo e nem relva e nem metafísica,

apenas a placenta de um mundo recém descoberto, a nova lírica;

apanhei a primeira persona que passava, a minha, o cosmos dancei,

fiz tantas aparições que ressurjo para ser o que sou e o que serei...

A linha do horizonte traz o barco que nos levará ao por-do-sol,

que vem flutuando sobre magnéticas ondas que surgem no arrebol,

cumprimento o barqueiro e seu cão fiel e anuncio a minha ida

ao mundo dos sonhos de onde vim de minha antiga vida...