Despertar
dez anos de solidão
batem à madeira da porta,
condensados na eternidade
de uma tarde insólita.
o vento sopra lá fora,
e dentro das criações
este corpo amiúde
é a metáfora da dor.
nos dedos e palmas,
a pela confessa fissuras
de escolhas avessas.
tão óbvias, traduzem fatos
dos disfarces da clausura
na língua amarga da doença
a sombra fria da morte
persegue meus passos,
pés congelados trincam
e liberto um vulto sem corpo
pra nascer de novo
como crianças e sábios
que de braços dados brincam
e dormem sorrindo noite adentro