À LUZ DA VELA

Estou à luz de uma vela

Escuto silêncios em segredo

Sou uma estátua amargurada

Sinto vertigens no degredo

A noite envolve-me sentinela

Dos meus atos resguardados

Aguça-me a vontade de voar

Num bando alto hipnotizado

Não quero mais ver a terra

Que ruge e brada o profano

Sou alma fácil e descarnada

Por amores sem ter guerra

Agora sou o corpo e a vela

Que ardem sós e em silêncio

Nos confins da madrugada

Somos amantes sem ter nada

Que nos mantenha reféns

Da fraca luz amarelada

Sem forma e sem cheiro

Ausente no meu presente

Insisto em ser a lembrança

Que quis essa vela apagada

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 27/11/2016
Código do texto: T5835978
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