Absoluta incerteza

Absoluta incerteza

Armou-se de tramas antes de se fazer vazio,

O coração amante, criança e aventureiro.

Foi gotejando orvalho em noites de muitas estrelas,

Regando a mesma semente até o dia de ser puro brilho.

No frágil percurso entre a raiz e a flor,

Foi mais forte a seiva, alimentando em silencioso afeto,

Até o exalar do primeiro perfume, feito de inocência e risos,

Atravessando os corpos pra fixar-se na alma dos solitários.

Nada contraria o simples reflexo de aladas pétalas,

Brincando de ser verdade no espaço que ocupas em meu coração,

Mesmo solitário, sinto-te pelo perfume de tua alma,

Fragrância apropriada para amores que atravessam os corpos.

Poderia ferir a tua inocência e perder os risos que te estão na alma,

No desejo insano de tocar com absoluta incerteza o teu corpo.

Escolho então a solidão, na espera por tuas pétalas aladas,

Que ao vento posso pedir fixá-las na criança e aventureiro eu.