Sopro-a Amorosamente - versos alexandrinos

Alma que desprego agora flutuante ao vento,

Sopro-a amorosamente em busca de alimento.

Maná que brota do âmago que nos sustenta,

Substrato impalpável que de jus alenta.

Somos energia condensada e espremida.

Tão densa que parece fora de medida

No peito comprimimos os mal resolvidos

Percalços que insistem em não serem esquecidos.

Na cinzenta que de tantos vãos pensamentos,

De supérfluos enguiços, mazelas, lamentos,

Engasgamos o pensar no vil labirinto,

Esnobando no eu sei, eu posso, eu faço, eu minto.

Pernas engajadas em levar o conjunto,

Que sem a prima mor, não passa de defunto.

Dois braços imitam palavras mesmo sem som.

Mas quando nos laçam ternos é muito bom!

Olhos penetrantes longe rastreiam cores,

Podem cegos deixar passar muitos amores

E na maldade não deixar passar nada,

Lançam sem dó ódio a pessoa dita amada.

Os criadores transmutantes de energia,

Fabricantes incessantes dão a sua cria,

Mas luxuriosos garbosos queimam tudo,

Transformando mal o sagrado sexo em sanhudo.

Densidade atrelada parece sem nexo,

Misteriosamente é do Maior, reflexo.

Criador verbo originou tudo que existe.

Criança singela que cresce, a velho triste.

Em mim, apertado não tenho mais lugar...

Energia Divina queima e quer voar!

Alma minha, vá! Liberte-se aliviada!

Voe leve... Una-se logo a gêmea amada!

27/07/07 - 00:17h

(meu primeiro Alexandrino)