UMA PARTE DA ALMA PELO CAMINHO
de repente as trombetas ressoam do fundo da terra
os arautos cantam dos confins do espaço
clamando por homens capazes de enfrentar os mares
derrotar os dragões e os falsos tiranos
de uma hora para outra
os céus tingem-se de púrpura e de negro
o sangue começa a fluir em cataratas dos castelos
sacrifícios são profanados nos templos
os velhos cânticos são entoados
jovens guerreiros são lançados na vida
com a espada de luz e o escudo da força
alguns caem entre as trevas e retornam mais firmes
outros se perdem nas teias das feras
ou nos braços das armadilhas de seus desejos
para tanto
é preciso rasgar cordões umbilicais
encarar as fragilidades e vencer os pecados
aceitar a face cruel da vida depois de olhá-la
há valentes que matam dragões de ódio e chamas
os que derrotam amazonas de volúpia e desejo
há as heroínas que se fazem fortes e valentes
unindo o coração à razão na batalha
porém é certo
todo guerreiro deixa uma parte da alma pelo caminho
a fim de unir o yin e o yang
a sombra e o eu em novas criaturas
banhadas pelo fogo após saírem das águas
o herói é o marginal que escolheu seguir seu caminho