Asas
E se ao despertar eu tivesse esquecido minhas formas e perdido as fronteiras do meu corpo?
Já não caberia em mim, nem nos “ondes” que um dia me abraçaram.
Destoaria da sinfonia que compuz de mim ao longo desta condição de ser-me. Deixaria de pertencer.
Trairía a pátria amada com amantes universais:
Nos embreagaríamos de outros mares, dançaríamos em muitos idiomas, e ao entardecer riríamos sobre as ruínas do progresso que me ordenou.
Eu então, ao olhar pra cima, descubriria que tenho asas.