Caem os véus
Vou além da superfície
Quero mais que o comum
A aparente imundície
O inevitável bum.
E a gente explode,
Ah, a coisa se espalha
E quanto mais se fode
Mais se busca migalha.
Por isso o aparente
Somente aparenta
Olho assim descrente
O que a gente inventa.
Inventa para esconder
Projeta para disfarçar
Somos em nós um ser
Exposto em um altar.
O externo é pouco
Tem tanto mais
E o destino louco
Nos leva ao cais.
E nesse crucial ponto
A muralha desmorona
E um eu perdido, tonto
Começa a pedir carona.
Tem muito mais aí, aventureiro
Descubra se for capaz
E eu aventureiro
Corro atrás.
Vejo o além do além
Enxergo o escondido
Isso me mantém
Nesse tom sofrido.
É claro que dói
Quem diria que não
A verdade corrói
A ilusão.
Ilusão, uma pele
Que protege o coração
Mas cuidado, revele
O custo é grandão.
A pele é o ego
Que é covarde
E fica cego
E faz alarde.
Apelo é o ego
Que é gigante
Eu tenho, não nego
Adiante, avante.
Mas me desapego
Ego é parte da gente
Que martela um prego
Na porta da gente.
O coração fecha assim
Sem saber a razão
Até que por fim
Vê em tudo solidão.
Se esquece ele
Que há união
E que é nele
Nele a razão.
A pele faz parte
É uma proteção
Ao terror infarte
À reunião.
E se de pele for vista
Como criança aprendiz
Que quer ser bem quista
Da imaginação embaixatriz?
E se nanarmos a criança
E lhe dermos carinho
O externo avança
Ao interno caminho?
Mais verdade, oh céus
Tempos complicados
Rompem-se os veus
E surgem herois honrados.
Mais diversidade
Tempo de misturança
Menos vaidade
Mais semelhança.
O humano puro
Está despertando
Sim pois, eu juro
Diz o mundo sussurrando.