SETE

Dar ao silêncio o canto em que ele possa

dizer os murmúrios de sua voz tão nossa,

ouvi-lo expor o que nunca foi dito,

desde um suspiro até um grito,

ária soprana de voz grossa...

Dar ao mundo o que ele espera receber,

a voz quente que vem de dentro do ser,

a fusão perfeita entre o labirinto e o martelo,

o salto para o infinito e para o tempo eterno...

Dar sem por um grão de recusa,

o peito aberto, o coração que usa

esse sentimento que chamam de amor,

escutar cada coisa, cada necessário olor...

Dar, até que se esvazie o que houvera viver cheio,

o primeiro instante do primeiro mundo primevo,

explodir numa vazão de sete mares,

sete naus velozes, sete ares...