Ser

É maravilhoso o rio

a quem se entregam

as folhas, as pedras -- caminhantes

peregrinas dos vales das águas.

Encantam-me esses bosques

que velam as margens,

os ninhos nas ramagens.

Esse estar sozinho

mas ao mesmo tempo

ser gruta e oráculo

na grande paisagem.

Quando um duende aqui e ali assovia,

uma melodia do céu,

tudo parece se reverter,

as sombras, a melancolia,

entontece o dia.

É quando chega a poesia.

Então, às vezes, penso

que eu já não sou eu.

Quando se cumpre o dia,

em ocaso, ou arco-íris,

nessas pautas coloridas dos céus,

penso que talvez seja Deus escrevendo,

em Seu momento,

um iluminado pensamento

para inspirar os meus.

(Direitos autorais reservados – Lei 9.610 de 19.02.98)

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 19/07/2007
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T571680
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