Ser
É maravilhoso o rio
a quem se entregam
as folhas, as pedras -- caminhantes
peregrinas dos vales das águas.
Encantam-me esses bosques
que velam as margens,
os ninhos nas ramagens.
Esse estar sozinho
mas ao mesmo tempo
ser gruta e oráculo
na grande paisagem.
Quando um duende aqui e ali assovia,
uma melodia do céu,
tudo parece se reverter,
as sombras, a melancolia,
entontece o dia.
É quando chega a poesia.
Então, às vezes, penso
que eu já não sou eu.
Quando se cumpre o dia,
em ocaso, ou arco-íris,
nessas pautas coloridas dos céus,
penso que talvez seja Deus escrevendo,
em Seu momento,
um iluminado pensamento
para inspirar os meus.
(Direitos autorais reservados – Lei 9.610 de 19.02.98)