LÁGRIMAS DE SANGUE

O poeta perguntava ao sangue

a causa da coagulação;

arrepios fincavam-se ao corpo exangue

enquanto os glóbulos sobreviviam

por um estande, às lágrimas-de-sangue

milimetricamente longe do coração.

Suas artéricas idéias

esvaiam etéricas

daquela funda cratera

onde encontravam-se as feridas

e os palavrões omitidos na terra

aos gemidos de almas temidas.

Mas agora, como um monge,

o poeta deixa que o tempo

casque e descasque as feridas,

descreve o vermelho do langue

e enxuga as lágrimas de sangue

no encarnar e desencarnar de vidas.

Sivaldo Souza "

Sivaldo Souza
Enviado por Sivaldo Souza em 30/07/2016
Reeditado em 29/12/2019
Código do texto: T5714248
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