O Banquete de Cronos
O Tempo a tudo devora
Cronos devorou seus filhos
Saturno foi castrado por sua própria foice
Símbolo da morte inegável a todos
Os ponteiros são lâminas
O relógio um presságio
Somos todos cadáveres adiados
Os deuses nos invejam
Morrer é uma dádiva
Ser imortal é uma maldição
Só não muda aquilo que está morto
Mesmo que qualquer mudança seja vã
Ainda assim a centelha efêmera
Torna a chama da esperança acesa
Podemos mudar o mundo
Como Prometeus prometeu?
Ou somos só vermes imundos
Aplacados da dor por Morfeu?
Não somos o centro do Universo
Não somos absolutamente nada
No reflexo do lago nos apaixonamos
Herdeiros de Narciso e das fadas
Acreditamos, temos fé, nos embriagamos
De mentiras nem sempre doces
Como nos bacanais de Dionísio,
Para que doa menos da vida o açoite
A hora de todos irá chegar
O arauto do caixão é o berço
Só nos resta compreender a verdade
E não passar apenas as areias do destino pelos dedos
O mundo já estava aqui quando chegamos
E continuará depois que partirmos
A grande pergunta será
O que fizemos para mudá-lo enquanto vivos?