O Banquete de Cronos

O Tempo a tudo devora

Cronos devorou seus filhos

Saturno foi castrado por sua própria foice

Símbolo da morte inegável a todos

Os ponteiros são lâminas

O relógio um presságio

Somos todos cadáveres adiados

Os deuses nos invejam

Morrer é uma dádiva

Ser imortal é uma maldição

Só não muda aquilo que está morto

Mesmo que qualquer mudança seja vã

Ainda assim a centelha efêmera

Torna a chama da esperança acesa

Podemos mudar o mundo

Como Prometeus prometeu?

Ou somos só vermes imundos

Aplacados da dor por Morfeu?

Não somos o centro do Universo

Não somos absolutamente nada

No reflexo do lago nos apaixonamos

Herdeiros de Narciso e das fadas

Acreditamos, temos fé, nos embriagamos

De mentiras nem sempre doces

Como nos bacanais de Dionísio,

Para que doa menos da vida o açoite

A hora de todos irá chegar

O arauto do caixão é o berço

Só nos resta compreender a verdade

E não passar apenas as areias do destino pelos dedos

O mundo já estava aqui quando chegamos

E continuará depois que partirmos

A grande pergunta será

O que fizemos para mudá-lo enquanto vivos?

José Rodolfo Klimek Depetris Machado
Enviado por José Rodolfo Klimek Depetris Machado em 27/07/2016
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