EPIFANIA

Pela janela do meu quarto, contemplo as estrelas

sem me dar conta de que é nublado,

céu plúmbeo de um inverno rigoroso

Essa, quem sabe, seja a janela da alma,

do ser transmutado em luminescências e transparências

Permeando de lacunas nossas certezas mais latentes...

Que responderei a essa voz que diz: desvie o olhar

e fale num sussurro

cerra os olhos ao além e sinta-se seguro

sob refrescante sombra, pois, intransponível é esta muralha?

Não, ergo meu brado,urro animalesco, fazendo tremer os montes

Prefiro mil vezes ornar-me com a terrível mortalha

a aprisionar este condor afeito a desbravar os horizontes

Meu pensamento já alçou voo, me acomodarei jamais

Prefiro caminhar errante pelos umbrais

cantando a derradeira elegia

e, como tem sido, descobrir a inefável alegria

na dádiva eterna de uma epifania!

Já não quero certezas – essa espada cruel a nos deixar impotentes –

Mil vezes as perguntas sem respostas, as dúvidas,

a fugacidade das juras

O prazer da aventura desta estrada que é de ida somente!

céu estrelado de um inverno rigoroso, meu rosto salpicado de suor

Faço-me um com o Universo, bebo, sôfrego, a poesia vertente

Abro os olhos, fecho a janela... no céu brilhou uma estrela cadente!

Isac Hudson
Enviado por Isac Hudson em 22/07/2016
Código do texto: T5705683
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