EDEMAS
As folhas do amor estão caídas e secas pelo chão das calçadas,
O vento acaricia e dispersa pedaços implícitos de sentimentos
Para os desertos incrédulos de nossas almas despedaçadas.
Os olhos do Instante encontram os cadáveres de nossos dias
Ainda com as faces repousando na sombra cálida de nosso peito,
E o Instante carrega os vãos momentos para longínquas terras frias.
As mãos da Alegria tateiam algum resquício de redenção e alento
Nos sepulcros caiados da alma_ tão coberta de belas flores e preces.
E as tribulações inundam cada nau com tempestades de sofrimentos.
E a melodia inebriante da Vida tropeça e na própria bile se asfixia,
E o fulgor extasiante da vida se quebra em bilhões de cacos pelas casas,
Aspergindo tristes névoas que injetam paliativas e religiosas ataraxias.
Nada abisma a fetidez atroz que se lastreia de nossos sorrisos e atos
Inclementes, bestiais, covardes e tão cinicamente cultos e funestos;
Nossa humanidade é um covil de lobos santos e de enjeitados ratos.
Os deuses degustam os vinhos que escorrem de nossas finitas chagas
Até ficarem entorpecidos e vomitarem misérias no reino dos mortais;
Quem nos dera apreciar o suicídio pleno dos deuses por nossa adaga.
E as lágrimas do Sol testemunham esses tristes e prosaicos dilemas
(Que se repetem profeticamente entre alaridos e sangrentos silêncios)
Os quais dilaceram o rosto da Vida em disformes e dualísticos edemas.