O ÍNTIMO PERMANENTE DA SOLIDÃO

O ÍNTIMO PERMANENTE DA SOLIDÃO

Inventar-me sozinho seria

loucura demasiada

eu faço um amor solitário

pra terminar sozinho

por louco passaria

desapercebido na multidão

entre a multidão

sonhos passam velozes

os algozes abraçam

um destino antes

que eu possa tocar

ela olhou-me sedenta de carinho

viu no rosto um menino

querendo fibras torcidas

num quarto qualquer

"cheirando a prazeres

noite adentro

camisinhas jogadas

do interesse pelo desova pueril

da volúpia que morde lábios"

ao contrário do que tudo seria

olhei sua carência

por um pobre fantoche

das sinas pagas

não me entregue teu corpo

pra amar um cristo

pedindo piedade

os céus nunca me ouviram

querem dos meus íntimos

calóricos presas fáceis

pra torná-los uma castidade

a fama da doença

numa crença em mim

menosprezada

desumana monstruosa

assim o martírio frequenta

a história dos dias

entre os indiferentes

dando notícia da verdade

no desespero do mito.

MÚSICA DE LEITURA: THE DOORS - Orange Country Suite

João Marcelo Pacheco
Enviado por João Marcelo Pacheco em 17/07/2016
Código do texto: T5700066
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