Eu e Cronos sob o olhar de Átropos.

Sob a luz da sala, vazio.

Minha tosse seca interrompendo o silêncio.

Vento assoviando sobre o telhado...

Defrontes, Cronos e eu...

Eu e Cronos...

Reticentes, secos, tímidos, pálidos...

Meu ser cada vez mais ávido

por mim mesmo, perdida a essência

sob a infinitude destas reticências...

Loucamente silenciosos, Cronos e eu...

Eu e Cronos...

Eu, cada vez mais burocrático

metódico

Fingidamente aristocrático

Organizado

Eu, Prometeu agrilhoado

à própria agenda,

Perdido no emaranhado desta lenda

sempre deixando a felicidade pra depois.

Sob o frio desta sala, Cronos e eu...

Eu e Cronos...

os ponteiros do relógio espalhando vazios pela casa...

Num átimo, o fim último do meu íntimo

o brilho de uma tesoura destruindo os átomos.

A meia luz a entorpecer-me...

gelando minha espinha a presença terrível de Átropos...

Isac Hudson
Enviado por Isac Hudson em 14/07/2016
Código do texto: T5697743
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