Eu e Cronos sob o olhar de Átropos.
Sob a luz da sala, vazio.
Minha tosse seca interrompendo o silêncio.
Vento assoviando sobre o telhado...
Defrontes, Cronos e eu...
Eu e Cronos...
Reticentes, secos, tímidos, pálidos...
Meu ser cada vez mais ávido
por mim mesmo, perdida a essência
sob a infinitude destas reticências...
Loucamente silenciosos, Cronos e eu...
Eu e Cronos...
Eu, cada vez mais burocrático
metódico
Fingidamente aristocrático
Organizado
Eu, Prometeu agrilhoado
à própria agenda,
Perdido no emaranhado desta lenda
sempre deixando a felicidade pra depois.
Sob o frio desta sala, Cronos e eu...
Eu e Cronos...
os ponteiros do relógio espalhando vazios pela casa...
Num átimo, o fim último do meu íntimo
o brilho de uma tesoura destruindo os átomos.
A meia luz a entorpecer-me...
gelando minha espinha a presença terrível de Átropos...