Há encravado no silêncio
uma fúria...
há ventos,
tempestades
fonemas calados no fundo da alma

Há registros sonoros
de decepção e tristeza.
Ainda há nos olhos lágrimas
invisíveis...
dores pungentes
a latejar por tudo...
a tatear a esperança escondida nas esquinas.

Há um sorriso fortuito
Há segredos indecifráveis
Razões improváveis
Argumentos inexplicáveis

Há medidas sem tamanho
Há infinitos
E o silêncio é apenas um deles.

Deixe-me em meu infinito.
Repleto de desertos semânticos
De signos macrobióticos
Digeridos pela memória

Abandone seus pensamentos
corte as asas
corte as amarras
Detone o cais.

O aqui é fictício.
O agora é convencional.
As palavras são signos perdidos
na digestão da existência.

Despeço-me mil vezes
todos os dias.
Pois os flashes das imagens
só se revelarão na memória

No registro contido
da palavra
há a improvável
poesia cotidiana.

Na rima incidental
do pôr do sol
no horizonte.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 13/07/2016
Reeditado em 13/07/2016
Código do texto: T5696508
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