CAIAM DOS CÉUS AS ESTRELAS

CAIAM DOS CÉUS AS ESTRELAS

Oh! Vida triste! Oh! Triste vida!

De imensa desilusão em guarida,

De dissabores ardentes e contínuos!...

Extirpando o ultimo ideal, a derradeira aspiração,

Após tantos outros que foram destruídos.

Até Deus ficou estarrecido!

Ao deparar com atroz melancolia!

Ah! Como é deprimente!

Existir só para sofrimento

E morrer na mais cruel agonia!

Sem pão, sem amor, sem fantasia...

Maldito aquele dia, oh! Triste vida!

Em que este foi concebido,

Neste universo tão insensível!

E com sina tão denegrida!

Para perambular como andarilho,

Pagando o pior dos castigos!...

Ó Deus, inclina os teus ouvidos

A este bramido sempre esquecido...

Ó Deus, traslada este para o teu paraíso,

E intercepta esta exorbitante desventura,

Que causou uma aviltante amargura!

Na existência desta ínfima criatura.

Haverá nas alturas outra alma

Que haja esta sofrido?!

Então suplico-te, alma querida,

Para interceder junto ao nosso Deus piedoso,

O príncipe dos sofredores.

Vida de prantos perpétuos!...

Aflição! Gemidos! Gritos!

Dores! Comoção! Desdita!...

Ó Deus do povo aflito!

Derrama tua infinita compaixão

Sobre este verme aqui no chão.

Ó Deus, dá-nos auxilio,

Neste excesso de angustia!

Porque vão é o socorro do homem:

Tão invejoso! Tão desumano!

Quão desonesto! Quão orgulhoso!

Mais traiçoeiro! Menos piedoso!

Muito corrupto! Assaz mentiroso!...

Caiam dos céus as estrelas,

A lua e todos os cometas.

Os oceanos alaguem o planeta

E um terremoto assole a terra.

Fazendo perecer toda essa gente

Tão sofrida quanto paupérrima!...

Como também os opressores

A razão de tanta miséria!...

Ó Deus dos injustiçados!!

Apaga este planeta sem-luz.

Aterra este oceano sem água.

Queima esta floresta sem arvores.

Ceifa esta vida desesperada!

Quão oprimida! Quão denegrida! Quão desgraçada!...

Que perambulou pelo mundo sem jamais ser afagada.

Djalma Pereira Guedes