Eu, você e deus
Eu, você e minhas circunstâncias.
Em nós, reafirmamos nosso eu...
Em meu ego, percebo quem somos nós.

Há sempre um tripé mágico
Corpo, alma e universo.
Palavras, símbolos e poesia.
Pai, filho e espírito
a origem, as crias e o mundo

Somos sempre três:
a poesia, o lirismo e a vida,
a palavra, o gesto e o significado,
o silêncio, o olhar e a compaixão.

Como podemos ser felizes
num mar de miséria e indiferença?

Como podemos comer e saciar a fome,
enquanto tantos simplesmente
morrem de fome?

Como posso caminhar despreocupadamente
enquanto muitos
estão amarrados às suas camas,
às suas doenças
e ao desprezo de tanta gente...

Quem se lembra?
Quem se lembrará?
Se esqueço disto, me desumanizo...
Se deixo de ser humano.

Sou apenas um mamífero retardado 
e de infância extensa.
Sou um animal mamífero, 
de racionalidade bipolar
e que oscila entre a ameba 
e o pistilo.

Não tenho a beleza do animal.
Nem a versatibilidade da planta...
E, nem a força ígnea do fogo.
E, nem a rigidez das rochas.
E nem a grandeza
do mar e seus mistérios.

Estou imerso num universo infinito.
Imerso em semântica.
Em símbolos
Na poesia discreta dos ventos.
E, ainda, assim nada é uno.
Somos eternamente três.

Ego, superego e id.
Sentimento, palavra e pensamento.
Vida, morte e eternidade.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/06/2016
Reeditado em 20/06/2016
Código do texto: T5673279
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