Eu, você e deus
Eu, você e minhas circunstâncias.
Em nós, reafirmamos nosso eu...
Em meu ego, percebo quem somos nós.
Há sempre um tripé mágico
Corpo, alma e universo.
Palavras, símbolos e poesia.
Pai, filho e espírito
a origem, as crias e o mundo
Somos sempre três:
a poesia, o lirismo e a vida,
a palavra, o gesto e o significado,
o silêncio, o olhar e a compaixão.
Como podemos ser felizes
num mar de miséria e indiferença?
Como podemos comer e saciar a fome,
enquanto tantos simplesmente
morrem de fome?
Como posso caminhar despreocupadamente
enquanto muitos
estão amarrados às suas camas,
às suas doenças
e ao desprezo de tanta gente...
Quem se lembra?
Quem se lembrará?
Se esqueço disto, me desumanizo...
Se deixo de ser humano.
Sou apenas um mamífero retardado
e de infância extensa.
Sou um animal mamífero,
de racionalidade bipolar
e que oscila entre a ameba
e o pistilo.
Não tenho a beleza do animal.
Nem a versatibilidade da planta...
E, nem a força ígnea do fogo.
E, nem a rigidez das rochas.
E nem a grandeza
do mar e seus mistérios.
Estou imerso num universo infinito.
Imerso em semântica.
Em símbolos
Na poesia discreta dos ventos.
E, ainda, assim nada é uno.
Somos eternamente três.
Ego, superego e id.
Sentimento, palavra e pensamento.
Vida, morte e eternidade.