A Cruz
O insulto estará cravado em mim.
E para que todos o vejam,
Cravei-o nas minhas costas.
E para que todos o vejam,
Andarei pelas cidades, sempre nu,
Para que todos o vejam.
A vergonha carrego-a ao colo.
E para que me lembre sempre dela,
Cavei uma cova para si também.
E para que me lembre sempre dela,
Cairemos mortos ao mesmo tempo,
E assim ficaremos.
A culpa acompanha-me de mão dada.
E para que nunca a perca de vista,
Mantenho-a sempre perto de mim.
E para que nunca a perca de vista,
Aperto firmemente a mão,
Para ela nunca me fugir.
O medo não preciso de manter.
Ele sobrevive em mim,
Desde que me tornei homem.
Ele sobrevive em mim,
E me reconfortará
Quando for a sua hora.