O que vem de mim.
Não vem de mim a mordaça que afasta,
Que impede a fala, que cala no noturno.
Não vem de mim o martírio do corpo, o escopo.
Mas o nexo infante, inebriado atlante.
Não vem de mim a infinda tristeza das ruas,
Que subtrai, comprime e agoniza nas tulhas.
Não vem de mim o parir da noite escura.
Mas a bruma que irrompe a visão diurna.
Não vem de mim os ressequidos campos ensolarados,
Nem o granizo que escorre em cascata pelos vales.
Não vem de mim o terror do dilúvio separando corpos
Mas o amor infinito, berços abençoados.
Não vem de mim o ato espúrio, inconfesso.
Não vem de mim a surdes dos professos.
Não vem de mim a cegueira dos possessos .
Mas a lucidez alforriada pelos fatos incontestos.
Não vem de mim o medo da morte,
Que por sorte, não existe! sei que partirei.
Não vem de mim a mascara prateada, crispada.
Mas a macio aço da adaga, no Cosmo forjada.
Vem de mim, o que comporta minha alma,
Esta chama que inflama não reclama e acalma.
Vem de mim, o caminhar em passos lentos.
Vive em mim um olhar Cósmico atento.
Vem de mim, a esperança dos vales floridos,
O cetim do orvalho nas plantas, a espuma dos mares.
O sibilar do vento nas matas, o som das cascatas.
A magia da vida infinita, renovada e revigorada.
Sei, muitas vezes na Lux partirei,
E em Pax retornarei!
Sei, muitas vezes em Pax partirei,
E na Lux permanecerei!
(Uma reflexão apenas. )