O Deserto e o Oásis
o que escrevo quando toma-me
inteira, o vácuo da esterilidade?
quando preciso da água
e pelas areias desérticas
arrasto-me?
a água que me faz
quer refletir a face do oásis!
um oásis a esconder-se
detrás da esperança das miragens...
a areia fervente me move
ao verde toque deste horizonte
ouço a particularidade dos grãos,
guardiões de memórias milenares
estes corpos dolentes à própria sorte
entregam-me, de bom grado, a poesia
criada e nascida no sigilo de sua morte
um enigma que vem e vai
une, destrói, cicla e se refaz
incorporo a magia
desta pura arte alquímica
torno-me areia
e logo após, oásis
camaleando-me à vida