Conexão... Brasil > Síria

Oceano Infinito!...

Águas do universo que uni todas as nações

És dono dos passos de grandes sonhadores

Que ao cruzar suas águas salgadas como lágrimas

Encontraram sua jornada da vida... E trilharam o seu legado!

Os caminhos que levam meus passos

Refletem minhas dores...

Cultivam meus amores...

E florescem minha fé!

Fé em um novo amanhã... Longe da dor que carrego

Tão semelhante a um passado de paz

que minha alma viveu em Aleppo.

Hoje em terra tão distante, sinto minha vida modificada

E instante a instante, como as ondas do mar que aqui me trouxera.

Lembro-me de minha casa, e de tudo que lá vivi.

Pois foi lá que ela nos ensinou a amar e sentir

Deu-nos princípios e valores na simplicidade da vida.

Como o gesto de flores brancas para a felicidade de seu coração

Ao invés de méritos de estrelas em paredes no meu escritório

Em meus livros...

As crianças de nosso bairro

Crescendo cheios de caos por aquilo que descrevemos.

Meus pés no Brasil...

Meus olhos em Aleppo!

A nostalgia sopra uma paisagem de minha infância...

Vejo um gato preguiçoso dormindo na borda da janela de nossa casa

Janela essa... de onde em manhãs com o sol a raiar...

Se era possível sentir o cheiro de maçã no ar.

Vejo através dela, a planta brotando e crescendo na janela do nosso visinho

Dois anos se passaram oh minha mãe!

E a face de Aleppo em nós

É um vendaval em nossos peitos

Acenando cortinas suavemente

A morder a ponta dos dedos.

Dois anos se passaram oh minha mãe!

E a face de Aleppo?

Jasmine e Damasco?

E a casa de Aleppo?

Hoje bem distante dos olhos!

Mas eternamente dentro do meu coração

Fielmente viva... em nossos pensamentos.

Tão clara quanto o brilho nos olhos de meu pai

E quanta seda em teu olhar!...

Onde está o cheiro de café?

Como se as luzes e os escombros separassem e mudassem todos nós

O perfume de maçã habita eternamente nossa consciência.

Julho chegou oh minha mãe

E veio com muita tristeza...

Muita dor... E uma enorme incerteza.

Bem maior que a própria incerteza do amanhã

A Mercy abençoará a sua casa!!!

Onde estão as áreas desta casa grande?

Onde está sua doçura???

E meu sorriso por todos os cantos da casa de Aleppo... onde está?

Onde está a minha infância que aconteceu lá?

Puxei o rabo de um gato...!

As minhas memórias tão raras de minha terra...

Comi em um dos jardins...

Peguei lhe flores!

Aleppo, oh Aleppo!

Você é poesia...

E está hoje coberta de escombros...

Mas desenhada fielmente em nossas pálpebras

Como uma bela e pura criança feliz aos braços de sua mãe.

A terra do meu amor... a terra da minha dor...

no ar ao invés de fumaça...

perfume de maçã!

Oh! Aleppo...Sangue no chão... Pólvora na atmosfera assim como se vê nos últimos dois anos.

Bem diferente da Aleppo que trago no coração

Tão bela, que os últimos dois anos... Jamais apagarão

A beleza e a felicidade de todos os anos que lá vivi.

Faróis iluminam nosso barco “esperança“ como faróis de ‘’AL amaoui !’’

W.$anto$®

Comentem por gentileza... essa poesia narra como se fosse o sentimento próprio de um amigo meu refugiado da Síria... o quanto sua vida mudou... e como era sua vida antes de vir para o Brasil... nascer de novo aos 25 anos de idade. outra lingua. outra cultura... todos os obstaculos a serem ultrapassados e uma superação de dores e fisicas e emocionais que essa maldita guerra fria lhe causou.

a mesma foi apresentada em um sarau no sesc pompéia dia 13 de maio. em uma apresentação de refugiados da SÍria, Congo, Egito e outras partes do mundo... que vieram recomeçar suas vidas aqui em nossa terra.

Que Deus abençoe a todos e venha lhes trazer forças pra lutar e fé para vencer...

principalmente ao amigo " Abdulbaset jarour." presente e expressiva inspiração dessa minha poesia.

um forte abraço a todos.

W.santos®

Windston Santos e Abdulbaset Jarour
Enviado por Windston Santos em 25/05/2016
Código do texto: T5646757
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