Todas valsas que já dancei
Cada coisa que amei foi um adeus
Despedidas de quem sou para quem fui
Todo sentimento é um devir
um vir-a-ser de sentir
Tudo que sonho é um presságio
Das coisas ilegíveis para a razão, um naufrágio
Tempestades que engolem embarcações em grandes atos lúdicos
Valsas desesperadas de alguém confuso
Toda lágrima derrubada é uma transpiração, um exaurimento
Como quem ama e consome até a ultima gota de um veneno
Não nada mundano ou vulgar que explique o ato profano de amar
Não há métrica, cosseno, ou fórmula que seja
que me satisfaça na busca por ser, meu vazio é incansável
nem há moral que impeça de querer tudo que possa me destruir
em estar com tudo que me corrói, ser tragado por toda força natural que me atraí
E depois sentir novamente toda a ressaca de ser ressentido com o que me destrói.