Ao Rei Afobado
Ao rei que tenha assim nascido
Sobre o amparo da afobação
Que não tenha enfim crescido
Deve ouvir minha contemplação:
Não lhe dê um próspero reino
Nem mesmo a beleza do castelo
Ele faz das mãos um martelo
Nada que ele fizer será algo leino.
O bom rei não enxerga fronteiras
Nem mesmo o próprio horizonte
Ele analisa além das estribeiras
Soluciona males que vem aos montes.
Nasce sob o mal signo do fracasso
Incapaz de compreender a grandeza
Que a sutileza possa ser forte igual aço
Ele é cego ao ponto de alienar a gentileza.
Nem mesmo a morte deseja a presença
Pois o seu peso pode travar a carruagem
Exauridos os motivos para bemquerença
Só a pedido que ele fará esta passagem.