A Marca da Honra
Não há dor que dure
O que o tempo não cure
É a transitoriedade da desgraça.
Nunca vi alma quebrada
Contudo aquela que brada
Acaba por encontrar a graça.
Cada momento que aflige
Um movimento se exige
Pois o tempo não tem parada.
Cada sentimento concorda
Que o sofrimento acorda
Evitando a sordidez descarada.
Mas é sempre a mesma praga
A dor que queima se propaga
Tornando-me pai daquela chaga
Que outrora era sinal de vergonha
Agora é honra diante dos imortais
Se torna a herança mais medonha
Reveladora e cega até nos rituais
Sendo causador de medo em rivais
Seja na arena ou no púlpito dos tribunais.