Ameno
O dia morre, a noite vai nascendo
Faz frio, em meu peito apenas o vazio
Aconchego-me melhor no meu manto
Sinto em meu rosto escorrer o pranto
Todos se dispersaram, a vida segue
Fiquei só com meus pensamentos
Vagando na imensidão de lamentos
E esperando que a ira sossegue
Olho as estrelas que surgem
Elas enchem de brilho meu coração
Sinto uma luz que ofusca minha visão
É um sinal do céu, dos tempos que urgem
A brisa é um beijo meigo em minha face
Peço ao Ser Supremo para eternizar esse momento
A vida é algo ameno, que a cada dia renasce
Consolo-me com a verdade e esqueço meu tormento
Ouço o som da relva alta com o vento a se balançar
Sei que já posso sorrir e nesse instante expirar
Afinal, a eternidade é um sopro, após a morte sofrida
E mesmo quando se morre, sopra um vento de vida...