IMORTAL!

Ante o tempo, nulidade seremos,

Ninharia, vapores, orvalhos, serenos,

Cronos, o vil fragmento da eternidade,

Corpo, inscrito no fluxo da temporalidade.

...

A flama que tudo incinera e carboniza,

Mundo inteligível, dualista, caverna e sombra,

O tempo magoa e sana, dizima e cicatriza,

A realidade, transitória, fugaz, alígera lombra.

...

Ante a eternidade, o firmamento é inanidade,

Inexistente vestígio, animado inerte,

Mutismo ecoado ao sem-fim milenar da vacuidade,

O ser é, grânulo de areia, deslembrado flerte.

...

Mortalidade mesquinha, corpo alinhado ao ilusório,

Desejante do que é efêmero, apequenado,

Fugaz, inverídico, falso, fictício, transitório...

Corpo inferior, âncora, arrimo, encosto retardado.

...

Sendo perpétuo o fluxo Elã vital,

Exalto a alma imperecível, torrente orbital;

A consciência do tempo, a mais bela aporia,

A vida e instante, por definição solitário seria;

Uma psiquê consolidada, sublime arrebol,

Um espírito vivaz iluminando o brilho do sol;

O calcário da esfinge, sopro da existência incessante,

Alma áurea, como as horas, oque resta é desimportante,

A frivolidade hedonista é tirania esterilizante,

E o instante, é sempre, o único instante.